
Cabelo desgrenhado, roupas desleixadas, cara de desprotegido e um cigarro sempre à mão para frisar o ar rebelde garantem que Robert Pattinson continue arrancando suspiro de suas fãs em “Lembranças”, filme que estreou neste fim de semana nos cinemas brasileiros. No longa – do qual o galã da franquia “Crepúsculo” é um dos produtores –, a tarefa escancarada é mostrar que ele é muito mais do que apenas um chupador de sangue bonitão e, para isso, nada melhor do que uma trama com intensa carga dramática.
Tyler Hawkins (Pattinson) é um rapaz desesperançado e confuso que perdeu a vontade de seguir qualquer caminho em sua vida depois que seu irmão mais velho se suicidou. Apesar de ter seus momentos de garoto sensível, como quando escreve em seu diário em uma espécie de conversa com o irmão, ele também apronta confusões na noite de Nova York. É em uma dessas brigas que desacata um agente da polícia, papel de Chris Cooper, e vai para a cadeia.Seu melhor amigo e companheiro de quarto descobre que a filha do tal policial estuda junto com eles e diz a Tyler que a vingança perfeita para a surra que tomou e a noite na prisão seria deixar a garota apaixonada e logo depois terminar com ela. Qualquer um que já assistiu àqueles filmes de matinê sabe bem que tentar usar relações amorosas para se vingar nunca dá certo, mas mesmo assim o rapaz cede ao plano. Aos poucos, como era de se esperar, ele e Ally (Emilie de Ravin, a Claire, da série “Lost”), se apaixonam.
Nesse ponto, o drama fica um pouco mais brando e o romance toma conta da tela. Há até algumas cenas mais picantes entre o casal de protagonistas, que descobre ter muito mais em comum do que olhares amorosos: Ally presenciou a mãe ser morta por ladrões quando ainda era apenas uma criança. Apesar de aparentemente suportar melhor a tragédia, ela carrega as mesmas marcas dolorosas do namorado.
Ser o galã da história e passear de mãos dadas com a mocinha não é novidade nenhuma na carreira de Pattinson. O desafio, entretanto, fica no embate de Tyler com o pai ausente e viciado em trabalho (Pierce Brosnan), que parece não ter muito afeto pelos filhos. As cenas entre os dois são as mais tensas da trama e mostram que o jovem ator britânico ainda está muito cru – em certos momentos sua atuação nervosa contrasta com a segurança de Brosnan –, mas pode alcançar a maturidade artística em breve e ser uma boa surpresa nos próximos anos.
Mesmo com o carisma de Pattinson, “Lembranças” não cativa. A história tem um ritmo muito arrastado, os personagens parecem mais egoístas do que sofredores e o final... ah, o final! Isso não dá para contar, mas prepare-se para reviravolta bem estranha.
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